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quinta-feira, 28 de junho de 2012

                                                 Histórias não Contadas (Tia MARCELINA)
        
                                                             
                                                                      O QUEBRA

                       Esse fato verídico ocorreu por volta de 1º de Fevereiro de 1912, ficou conhecido como Quebra de Xangô, foi um ato de violência praticado em todas as casas de culto afrobrasileiros de Maceió e que se estendeu pelo interior de Alagoas. O personagem principal dessa história era a Yalorixá mais conhecida do Brasil, Tia Marcelina, que tinha uma casa de cultos afros-brasileiros na Capital Maceio, especificamente no pequeno sítio atrás do Espaço Cultural da Ufal, hoje denominada Rua Sete de Setembro ao lado do Riacho Salgadinho. Tia Marcelina era uma figura muito conhecida, ex-escrava africana de Janga Angola, era uma descendente de família Real Africana e juntamente com Manoel Gelejú, Mestre Roque, Mestre Aurélio e outros fundaram os primeiros Terreiros do Brasil, e um dos estava localizado no Bairro de Bebedouro em Maceió Alagoas. Ela era uma pessoa espiritualizada, possuía o saber, o carisma e a voz viva dos Orixás, sendo contemplada com a coroa de Dadá, homenagem outrogada pelos Oráculos do Continente Africano, era o posto mais alto da Hierarquia Religiosa Africana no Brasil, e que significava na Liturgia Africana "Irmã mais nova de Xangô". Naquele dia os Babalorixás e as Yalorixás tiveram seus Terreiros ou casas de cultos invadidos por uma milícia armada denominada LIGA dos REPUBLICANOS COMBATENTES, seguida por uma multidão enfurecida e mal informada, e assistiram a retirada à força dos Templos e quebrados todos os seus paramentos e objetos Sagrados de cultos Afros e foram expostos e queimados em praça pública para desmoralizar, numa demonstração flagrante de preconceito e intolerância religiosa para com as nossas manifestações culturais de Matriz Africana. Esse evento, que intimidou o povo de Santo e suas práticas nas décadas subsequentes proporcionou o surgimento de uma manifestação regiliosa intimidada, denominada XANGÔ REZADO BAIXO, uma madalidade de culto praticado em segredo, alimentada pelo medo, sem o uso de atabaques, e animada apenas por palmas. Essa violenta ação contra o povo de Santo tem repercussões contemporâneas e pode ser apontada como uma das fortes causas da invisibilidade de uma prática religiosa que é extremamente expressiva na capital e interior de Alagoas, pois as pesquisas de estudiosos do tema apontam para a existência de cerca de 2 mil terreiros em todo Estado. E ainda hoje se repercute esse preconceito contra tudo o que é NEGRO, tudo isso provocada pela falta de conhecimento do real sentido das coisas. Apesar da nossa Constituição Federal constar a livre manifestação religiosa, o preconceito ainda existe.

Fonte de pesquisa: Prof. Raquel Rocha (antropologa da UFAL)

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