Saudações em Nome do Mais Alto JAH RASTAFARI que Vive e
Reina por toda a eternidade do Alto do Monte Sião
No dia 12 de dezembro de 1960 O Rei dos reis, Haile
Selassie I, desembarca com sua comitiva no Brasil.
Hoje, depois de quase 50 anos deste que Ras Tafari I
esteve em visita diplomática por aqui, propomos uma reflexão sobre como seus
ensinamentos são hoje tratados no Brasil.
Por todo o Brasil, de ponta a ponta, há homens que
utilizam o nome de Sua Majestade Imperial (SMI) para os mais diversos fins e
propósitos, não raro esses homens mancham o Seu Sagrado Nome sem nenhuma
responsabilidade sobre as conseqüências dos seus atos.
Encontramos o Nome de SMI em sites comerciais, em nome
de festas profanas, em letras de músicas bobas que passam por ‘reggae’, em
camisetas e até cangas de praia, e aí vai. Nos shows de reggae o público profana
com a boca o Seu Santo Nome com uma garrafa de cerveja em uma mão, um cigarro em
outra e os olhos em alguma parte do corpo de alguma mulher mais próxima, sem nem
mesmo saber o que significa a expressão “JAH RASTAFARI”.
É um profundo desrespeito que nós Rastas temos que
conviver diariamente em função da desinformação e desinteresse do público do
reggae com relação a Rastafari, como se fosse só mais um assunto de suas letras
de músicas, que podia ser outro, como mulher, mar, sol.
Mas o que realmente causa preocupação não são essas
pessoas que estão perdidas em meio às tentações e profanações da babilônia que
vêem o Rasta como apenas mais um nome atrativo e lucrativo. O que é mais
preocupante é a postura dos próprios Homens Rastas, daqueles que não só falam em
Nome de SMI, mas se apropriam de Seu Nome como sua própria
auto-identificação.
Antes de mais nada, queremos dizer aos homens que
resolvem passar a se chamar de Rastafaris que tenham responsabilidade com o Nome
que carregam. No momento que assumem esse Nome devem deixar para traz os
comportamentos mundanos, os hábitos babiloucos, os apegos carnais, os vícios,
etc. POSTURA RASTAMEN!
Para alguns homens, ser Rastafari é sinônimo de: cabelos
dreads looks, o que não é a mesma coisa que ser um Homem Rasta, pois os dreads
são apenas um dos componentes da fé, do movimento Rastafari, ter dreads não
significa ter se tornado um Homem Rastafari.
O Homem Rastafari é um homem muito especial, tem uma
percepção muito aguçada, enxerga além do que maioria vê, ele tem a beleza
natural dada a ele por sua Mãe Omega e a inteligência e sabedoria de seu Pai
Celestial. É muito talentoso, habilidoso, estudioso, forte, guerreiro,
audacioso, e livre. Isso causa muita atração tanto de homens que querem andar
com “o Rasta” como de mulheres que se sentem atraídas, na luxúria, pelo exótico
rastaman.
Acontece, que muitos quando se deparam nessas situações
acabam se deixando cair em tentação, se desviando do caminho reto e pecando na
carne.
Não é raro os homens que enganam suas esposas, ou que
mesmo levam uma vida promíscua.
Além disso, muitos ainda mantêm uma postura machista em
seus relacionamentos tratando suas esposas com opressão e
subjugando-as.
Em grande parte se reproduz os valores da sociedade
branca racista e machista que diz que a mulher deve cuidar de afazeres
domésticos e do cuidado das crianças deixando que os homens cuidem do
resto.
No geral os homens são visto como o sexo “forte e
dominante” (imposição da babilônia), o que leva geralmente, dentro desta
sociedade imposta, os homens a desempenharem papeis como: machão, autoritário,
mulherengo, precisam ter várias mulheres para serem vistos como verdadeiros
homens.
Os homens são seres influenciados pelo meio em que
vivem. O sistema capitalista com sua ideologia dominante que dita como os homens
devem ser, o que eles devem defender, quais são seus valores e quais
relacionamentos eles devem estabelecer com outros grupos.
Influenciados pelo sistema que a todo o instante dita
comportamentos para os homens, comportamentos estes que têm sua base
fundamentada nas relações de gênero.
“Gênero é um empreendimento realizado pela sociedade
(capitalista) para transformar o ser macho ou fêmea em homem ou mulher” (Lima
Junior, 2001.p.1). “Nesse sentido, gênero é uma construção social. Já que para
transformar um bebê em homem é preciso investimento social”.
Esses investimentos com certeza são bem diferentes dos
propósitos que Rastafari tem para as vidas dos homens e das mulheres.
Ter uma postura de um homem Rasta é adentrar em um mundo
de paz interna, paz com seu próximo e principalmente com a natureza. Pois quando
Rastafari criou a terra ele deu para o homem (Rasta) a incumbência de dar nomes
aos animais, as plantas e a todo o ser vivente da terra.
“Havendo, pois, Rastafari ter formado da terra, todo o
animal do campo, e toda a ave do céu, os trouxeram a Adão, para este ver como
lhes chamaria, e tudo o que Adão chamou, a toda a alma vivente, isso foi o seu
nome.” (Gênesis 2:19)
Fazendo hermenêutica de Gênesis 2:19 percebemos que o
homem possuía uma certa harmonia com a natureza (harmonia esta que foi perdida
depois da desobediência do homem).
Sua Majestade Imperial Haile Selassie I, descendente
direto da dinastia Salomonica, tinha essa harmonia, pois segundo alguns
estudiosos(as) da fé Rastafari, Sua Majestade Imperial Haile Selassie I,
Rastafari tinha o hábito de falar com os animais (um exemplo de harmonia com a
natureza).
Distantes da vivência natural, influenciados pelo
contexto sócio-cultural em que se inserem, alguns homens que se dizem Rastafari
têm posturas totalmente equivocadas principalmente com relação às suas
companheiras (Rainhas), eles conseguem reproduzir toda a estrutura machista
opressora imposta pelo sistema capitalista, o sistema babilônico, muitas vezes
impedindo que elas acessem o estudo e a vivência Rasta e não participem de
reuniões, celebrações e outros espaços.
A Mulher têm suas funções sim, e é muito importante que
ela esteja presente na educação de seus filhos, no cuidado de seu lar, e da
alimentação de sua família, mas de forma alguma isso é função somente dela, ou
isso a impede de estar em outros espaços. E não podemos agir como na babilônia,
onde os homens ‘ajudam’ suas esposas no trabalho doméstico e no cuidado da
criança, pois essa noção de ‘ajudar’ somente reforça uma separação de funções
baseada em uma educação ocidental, que não se baseia em uma ancestralidade
africana. Para os ‘Rastas’ que assim tratam suas esposas, com traição, reclusão
e calando suas vozes e ações, perguntamos onde vivenciam a Supremacia Preta em
seus relacionamentos, pois, ao que nós parece, isso é apenas uma reprodução dos
hábitos dos homens brancos.
Além disso, muitos desses homens, quando se deparam com
Mulheres com poder sobre seus atos, autodeterminação, autoconhecimento, e
entendimento do Exemplo de SMI Imperatriz Menen, não agüentam o Fogo das Leoas,
tentam calá-las utilizando-se de estereótipos machistas, e tratam logo de
afastar suas esposas mais ‘mansas’ pra não serem influenciadas.
Isso não é um problema entre Rastas somente no Brasil,
veja o depoimento de um Irmão Rastafari das Ilhas Virgens:
“Freqüentemente é dito às filhas Rastafaris que a mulher
não deve ser vista e nem ouvida, que o trabalho de mulher seria ter bebês e que
ela deveria ficar omissa nas congregações. Como pode um homem clamar o amor de
Haile Selassie I, e ainda negar à sua mulher, irmã, mãe, filha, princesa, ou
rainha de glorificar Haile Selassie I, com palavra-som e Ises com sua própria
boca? É hipócrita! Irmãos, Eu insisto aos Eu’s para assumir o controle da I
irits com verdades e direitos. Eu&Eu deve eliminar a escravidão dos
Eu&Eu lares onde a mulher é considerada uma propriedade do homem. Chega de
usar e abusar física e mentalmente das irmãs. Em vez disso, Eu&Eu deveria
encorajá-las a completarem-se no ensinamento de Haile Selassie I, a adquirirem
conhecimentos e habilidades que seriam valiosos para ela e sua família, i.e.,
escola ou uma profissão. Irmãs não são encorajadas a congregar e refletir, entre
si, para estudos bíblicos e concretização do seu caminho. Quando irmãs tornam-se
sábias, conscientes, com entendimento, se opõem ao tratamento negativo que eles
as dão, utilizando os ensinamentos de Haile Selassie I como a sua força. Alguns
irmãos também temem que, quando suas irmãs se reunirem com outras mulheres
Rastafaris, o comportamento imoral e injusto deles será exposto. Irmãos, se você
fizer o bem só o bem será falado de Eu. Lembrem-se, nunca é demasiado cedo ou
tarde para um banho de chuva. Nunca é demasiado tarde para mudar.” (trecho de
“Um Lugar para Mulher Rastafari” - por Ras Abede – extraído de “EU&EU
Realidade Rasta - Especial Mulher RastafarI”)
Mas a grande especificidade que nos causa preocupação
aqui no Brasil, é que essa postura vã desses supostos Rastas acaba afastando
muitas mulheres da vivência, achando que a postura desses homens tem algo a ver
com a real postura do Homem Rasta, ou que a posição imposta por eles para às
mulheres tem algo a ver com a real posição da Mulher Rastafari, das Rainhas
Pretas na vivência Eu&Eu.
É por isso que temos tão poucas famílias e comunidades
Rastas no Brasil, mesmo depois de aproximadamente 30 anos de Movimento Rasta no
país e meio século da visita de SMI Haile Selassie.
Sua Majestade Imperial I deu vários exemplos de como
deve ser restaurada a harmonia que os homens perderam em relação às mulheres. Um
dos exemplos foi quando Sua Majestade Imperial Haile Selassie I foi coroado
Imperador da Etiópia em 1930, juntamente com ele a Imperatriz Menen também foi
coroada, quebrando toda uma estrutura estabelecida pela babilônia, em relação a
nós mulheres.
Segundo os critérios da Babilônia quando um homem se
torna presidente de um País, governador de um Estado ou prefeito de um
Município, a sua companheira (esposa) se torna ‘primeira dama’. Para Rastafari
nós mulheres somos mais que primeiras damas.
Nossa crítica se torna relevante quando percebemos
dentro do movimento Rastafari no Brasil a falta de diálogo e companheirismo no
meio dos casais, pois partindo principalmente dos homens, sendo eles atingidos
pelos os propósitos da babilônia em relação às suas companheiras; quando impõem
comportamentos, ditam regras dizendo como a mulher tem que se comportar, se
colocando em alguns casos como donos (como se essas mulheres fossem propriedades
deles).
Como se nós mulheres não fossemos portadoras de uma
sabedoria que vem do alto (Selah), como se nós mulheres fossemos incapazes de
tomar certas decisões, como se nós mulheres fossemos seres descartáveis, sempre
tendo outra para ser colocada no lugar caso não correspondam a suas
expectativas. Expectativas essas que ás vezes não são bem definidas nas cabeças
deles.
Gostaríamos de dizer a esses homens que atentem-se para
suas atitudes, e lembrem-se que JAH tudo vê, e que sempre há tempo de se
arrepender e começar a tratar suas esposas e Irmãs de forma mais digna e
respeitosa.
Para as mulheres que estão na busca de RastafarI, ou
mesmo para aquelas que encontram barreiras em se aproximar em função de tudo já
referido, que a verdadeira posição da Mulher em Rastafari é como Rainha Mãe da
Criação, que dá vida, rege e harmoniza todas as coisas, ela dá a
sustentabilidade, a instrução e o exemplo da retitude, ela ampara e traz luz
para seus Irmãos, filhos e esposo, ela tem um papel fundamental na vivência. A
Mulher Rasta não é limitada ou oprimida, ao contrário, ela é a única
possibilidade real de libertação, pois está conectada diretamente com sua
essência Omega na Mãe Terrena, ela sabe quem é, de onde veio e para onde vai.
Valoriza sua beleza natural independente de indústrias de moda cosméticos,
consumismo e alteração do corpo. Ela não depende de nenhuma droga para viver, só
se alimenta da vida, é uma Mulher Sagrada e purificada, renascida no Amor
Incondicional do Cristo Vivo.
Por isso Irmãos e Irmãs, não se deixem confundir com as
ilusões que a babilônia traz todos os dias a respeito de RastafarI. Quando
quiserem realmente saber o que é um Homem e uma Mulher no real exemplo, olhem
para o Exemplo absoluto, o Casal Imperial, Rei Alpha Rainha Omega, Haile
Selassie I e Imperatriz Menen, que no perfeito equilíbrio reinam para todo sempre nos corações de EU&EU, e nas vidas daqueles
que seguem o Seu exemplo em todos os aspectos, plenamente.
Não queremos aqui estar isentando alguns erros que nós
mulheres possamos cometer. Mas precisamos abrir um diálogo mais profundo no meio
do movimento Rastafari para discutirmos essas questões, sem problemas, com
nossos corações abertos para mudanças, se assim for necessário, pois quando não
discutimos alguns assuntos que são pertinentes, eles se tornam naturais no meio
de nós, é o caso da questão das mulheres, que já se tornou natural alguns
comportamentos em relação a nós dentro do movimento Rastafari.
Selah!
Haile Selassie é o caminho. Imperatriz Menen, o
exemplo.
Postado por: Omega Nyahbinghi
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